sábado, 21 de março de 2009

Atividade 2 - Cesar Lattes

Cesar Lattes foi um dos maiores cientistas que o Brasil já teve. Nasceu em Curitiba, em 11 de julho de 1924, filho de Giuseppe Lattes e de D. Carolina Maria Rosa Lattes. Foi casado com D. Martha Siqueira Neto Lattes, com quem teve quatro filhas e nove netos.

Um cientista bem humorado que já confessou coisas pitorescas sobre sua vida. Segundo ele, a escolha da carreira foi determinada por dois motivos: o primeiro era que como professor, teria "três meses de férias por ano"; o segundo era de que todas as disciplinas, exceto Física e Matemática, eram pura "decoreba". De qualquer modo, seu pai Giuseppe o levou muito a sério.

Giuseppe era gerente do Banco Fr ancês-Italiano em São Paulo, e tinha como cliente um físico importante, o ítalo-russo Gleb Wataghin, que trabalhava na Universidade de São Paulo há alguns anos. O cientista assim que pôde avaliar as aptidões do candidato, aceitou-o como aluno imediatamente. Em 1943 com 19 anos, Lattes concluiu o bachalerado em Física pelo Departamento de Física da Faculdade de Filosofia e Ciências e Letras da USP. Wataghin o convenceu de que, além de dar aulas, era essencial fazer pesquisa.

Em 1946, foi trabalhar no grupo de pesquisa do professor Cecil Powell, em Bristol na Inglaterra, onde faria observações de partículas elementares que constituem o átomo usando emulsões de filmes fotográficos, método experimental desenvolvido por Occhialini e Powell. Esses filmes eram extremamente sensíveis e quando uma partícula passava sobre ele, o caminho percorrido pela mesma, ficava registrado por um risco escuro quando era revelado. No entanto, Lattes acreditava que era possível usar os raios cósmicos - que são poeira subatômica natural vinda do espaço - ao invés de aceleradores de partículas. Isso seria uma grande vantagem já que os raios cósmicos possuem velocidades próximas a da luz e, portanto possuem muito mais energia do que as partículas aceleradas artificialmente. Assim, Lattes convenceu a equipe inglesa a experimentar essa nova linha de pesquisa e ainda inventou um meio de aumentar a sensibilidade das chapas fotográficas, cobrindo-as com uma substância chamada bórax, fato que geralmente não é mencionado nos livros.


Foi então que, em 1947, deu sua contribuição singular. Ao analisar as emulsões expostas nas altas montanhas dos Pirineus, ele percebeu traços que poderiam identificar uma partícula até então não observada, embora sua existência tenha sido prevista antes pelo físico japônes Hideki Yukawa (para refrescar a memória, Yukawa estudava a força nuclear fraca, descoberta nos anos 30, que obriga essas mesmas partículas a se desintegrar em certas condições. Ele então inventou um meio curioso de provar que a nova interação existia. Seu raciocínio é semelhante a fazer a seguinte pergunta: se uma força deve "colar" dois prótons, do que é feita a 'cola'? Para ele, a 'cola' era uma partícula também. Segundo seus cálculos, a hipotética partícula teria um peso 200 vezes maior que o do elétron e dez vezes menor que o próton). Estudando esses traços, foi possível determinar a massa dos mésons e perceber que havia dois tipos de partículas, com massas diferentes. O nome meson em grego significa intermediário e a partícula recebeu o nome méson-pi justamente pelo fato de sua massa ser intermediária a massa do elétron e a do próton.

Em maio de 1947 Lattes, Muirhead, Occhialini e Powell publicaram os resultados da pesquisa na revista Nature, onde anunciaram a observação do méson-pi, também chamado píon. O méson é muito importante porque ajuda a manter estável o núcleo atômico composto também de prótons (carga elétrica positiva) e nêutrons (carga elétrica neutra), e permite que essas cargas permaneçam próximas umas das outras sem se repelirem e desmontarem o átomo.

A descoberta do méson-pi foi um passo fundamental na compreensão do mundo subatômico. Estudos posteriores mostraram que ele tinha uma forte interação com o núcleo atômico, possuindo as características exigidas pela teoria de Yukawa.
A nova fauna de partículas foi explorara inicialmente pelo estudo dos raios cósmicos, mas logo foram construídos aceleradores de partículas cada vez mais poderosos, que permitiram a criação e a investigação dessas partículas em laboratório. Mais do que encontrar uma partícula em especial, a descoberta do méson-pi marcou o início de uma revisão dos conceitos físicos sobre a estrutura da matéria. A grande variedade de partículas descobertas nos anos seguintes colocou em dúvida o conceito de "partícula elementar" como algo indivisível, simples, e levou à procura de uma estrutura para os próprios prótons, mésons e outras partículas.

Em 1962, ao se tornar mentor do Projeto de Colaboração Brasil-Japão, deu mais um passo decisivo. Graças a isso, voltou a pesquisar na Bolívia, onde acabou descobrindo novidades curiosas sobre os raios cósmicos. Como as "bolas-de-fogo", fagulhas microscópicas com uma temperatura muito elevada, de cerca de 10 milhões de ºC, produzidas quando os raios cósmicos dão trombadas em núcleos atômicos da atmosfera. Vinte anos mais tarde, os físicos ainda analisam essas estranhas esferas detectadas pela equipe de Lattes. Elas são estudadas no acelerador Fermilab, na Universidade de Chicago.

Embora Cesar Lattes não tenha conquistado o Prêmio Nobel por sua ajuda na descoberta do méson-pi, certamente conquistou seu lugar na história. Hoje, é o único físico brasileiro a aparecer na Enciclopédia Britânica e talvez o mais impressionante de sua carreira seja o fato de que sua experiências, apesar de realizadas há tantos anos, ainda não perderam sua influência na Física contemporânea.
Além disso, Lattes contribuiu para estruturar a ciência no Brasil, onde junto com José Leite Lopes e outros físicos em 1948, fundou o Centro Brasileiro de Pesquisas Física, o CBPF, no Rio de Janeiro. Hoje, é um dos mais importantes na América do Sul. Também participou da criação do Conselho Nacional de Pesquisas, que atualmente é a instituição central da investigação científica brasileira, com o nome de Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq.

Estas são apenas algumas informações a respeito dos trabalhos de Cesar Lattes, que possui em sua vida inúmeros trabalhos com importância superior ou igual aos mencionados aqui.

fontes:
http://www.ifi.unicamp.br/~ghtc/meson.htm
http://www.unicamp.br/siarq/lattes/vida_obra.html
http://www.super.abril.uol.com.br/superarquivo/1997/conteudo_47416.shtml

5 comentários:

  1. Olá Renato.
    Achei seu texto sobre César Lattes bem completo e gostei das imagens adicionadas.
    Interessante saber que Lattes é o único físico brasileiro a aparecer na Enciclopédia Britânica.

    Um abraço.

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  2. Olá, Renato! Gostei das fotos que você usou, e também gostei do enfoque mais humano à personalidade de Lattes que você deu ao início deste texto. É bom saber que os grandes homens da nossa atualidade às vezes (bem às vezes, mesmo) são tão normais quanto nós!

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  3. Oi Renato!
    Bem completo o texto, mostra que você fez uma grande pesquisa sobre Cesar Lattes. Aliás, adorei a forma como ele escolheu a carreira, rsrs, uma grande curiosidade a respeito dele!

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  4. Oi, Renato! Gostei muito do seu texto e muito legal conhecer as citações que você usou no início! Dá pra ter uma idéia de que ele era bem irônico né? E além de tudo, seu texto está bem explicativo (confesso que busquei seu memorial para confirmar que sua área de atuação estava relacionada com a física!). Um abraço!

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  5. Oi Renato,

    gotei muito do seu texto.Vi algumas informações que não achei na maioria dos textos, e achei que as fotos enriqueceram bastante o trabalho.

    Fernanda

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